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Produtos a preços especulativos na Beira


A vida está cada dia mais encarecida na cidade da Beira. Grande parte dos comerciantes formais e informais beirenses tendem a aumentar o preço cada dia que passa e os compradores, que estão sem recursos, vêem-se sufocados.

Quase 80% da infra-estrutura económica da cidade da Beira foi destruída. Os armazéns não resistiram e ainda se pode ver produtos estragados, os silos de conservação de cereais, assim como alguns tanques de combustíveis, destruídos.

O mercado informal do Maquino, o maior da cidade da Beira, tem parte das barracas destruídas o que deixou alguns vendedores sem produtos. As grandes superfícies comerciais também sofreram danos significativos.

Este rasto de destruição já está a ter impacto na disponibilidade de produtos essenciais, até porque não se consegue chegar a Beira via terrestre devido ao corte na EN6. E isso faz com que os produtos existentes estejam a ser comercializados a preços especulativos, segundo contou Suzana Rafael, uma comerciante. “Não estamos a subir os preços por prazer. Os nossos fornecedores de repente aumentaram os preços. Uma caixa de tomate, que há cerca de uma semana custava 500 meticais, hoje está a ser vendido entre dois a dois mil e quinhentos meticais e o cúmulo é que parte do conteúdo está danificado. Portanto, para tentar reaver o valor investido na compra da caixa de tomate, não temos outra solução senão subir os preços de venda aos nossos clientes. Portanto, o quilo, que custava 70 meticais, passou a custar 150. Mesmo assim, nada recompensa. Ainda subiremos de preço”.   

A situação pode ainda ser mais crítica uma vez que cada dia que passa, alguns produtos frescos, fornecidos a partir de outras províncias, tendem a escassear, na sequência da deficiente comunicação rodoviária entre Beira e outros pontos do país.


Gabriel João, fornecedor de carnes e frangos, indicou que no troço onde a estrada nacional está cortada, há uma gincana muito grande para travessia. “Chegamos a gastar valores correspondentes a duas a três viagens da Beira para Chimoio. Portanto precisamos de reaver este valor e infelizmente os que devem pagar com a factura. E os residentes da cidade da Beira, que na sua maioria perderam seus stocks de produtos alimentares, e ainda têm que encontrar formas de reconstruir as suas casas, já não aguentam com o custo de vida que subiu significativamente. Penso que os revendedores perceberam mal a situação em que nos encontramos. Eles entenderam que o ciclone trouxe dinheiro. O ciclone veio para tirar um pouco que as pessoas tinham. Ninguém tem capacidade para suportar estes preços. São proibitivos. Ontem o quilo de tomate custava 100 meticais. Hoje passou para duzentos”.